Na tentativa de liberar meu "drama financeiro", decidi me mudar para outra cidade e procurar um emprego. Eu não tinha um trabalho "convencional" (com salário fixo e mensal) e achei que trabalhar dessa maneira seria a "solução". Quando passamos por uma mudança dentro de nós, parece que desafios relacionados à abundância financeira fazem parte do "pacote" das reviravoltas que vivenciamos. E temos a sensação de que as energias ficam bloqueadas em relação a dinheiro.
No meio de tantas liberações e transformações que eu já experienciei, fiquei quase sem dinheiro na conta bancária. Hoje tenho consciência de que tudo tem a ver com minha escolha por expansão, por isso não me desespero mais diante de situações desafiantes.
Compreendi que as energias não estavam bloqueadas naquele momento; estavam em movimento, me servindo para a minha transformação. Eu escolhi a mudança e, portanto, estava mudando! E mudar vai além de todo o conceito, julgamento ou expectativa que temos. Eu acreditava que precisava fazer alguma coisa "concreta" para dar um basta no ciclo vicioso em que vivia. Então, entrei em contato com minha irmã, que mora em Ilhéus, e disse a ela que estava organizando meu currículo para poder trabalhar lá. Logo ela me disse que estava precisando de um assistente para sua empresa. Então já aceitei o trabalho! E fiquei feliz: “Agora terei meu próprio dinheiro todo o mês!”. Em pouco tempo, me mudei para Ilhéus e comecei a trabalhar. Conforme o tempo ia passando, parecia como se estivesse presa dentro de uma caixa. E estava mesmo! Em tantas caixas o ser humano vive!
Caixa biológica: corpo humano. Caixa de transporte: meios de locomoção. Caixa de sobrevivência: trabalho, geralmente alojados numa sala ou departamento por grande parte do dia. Caixa de consciência: esse imenso "tubo", essa "densidade psíquica da consciência de massa" na qual estamos inseridos e que nos faz criar nossa realidade de uma forma limitada, padronizada. Tem sido muito interessante me perceber, me sentir todos os dias quando me arrumo para ir trabalhar, quando estou no trânsito, quando estou no trabalho e ao longo do meu dia. Respiro a Sabedoria, que está em mim. E, com olhos sábios, compreendo que o trabalho que eu escolhi foi o resultado das crenças que eu tinha: "para liberar as questões de abundância financeira, eu preciso ter dinheiro regularmente. E, para ter dinheiro assim, eu preciso trabalhar de forma convencional".
Além disso, acreditava que era preciso obter "meu próprio dinheiro" para poder ter mais condições de curtir a vida e satisfazer todas as minhas necessidades. Com essas crenças eu, provavelmente, também acumularia contas e mais contas para pagar... E dívidas. Também escolhi voltar a trabalhar como odontóloga. Eu reativei o meu registro no Conselho de Odontologia, quando eu fui para Ilhéus, na intenção de ter mais uma maneira de ganhar dinheiro. Fui criando essa realidade...
Até que, um dia, encontrei uma dentista, prima de uma amiga minha, que tinha um consultório com disponibilidade para alugar alguns turnos. Era a minha chance de exercer a minha profissão novamente. Combinei com ela para ir conhecer seu consultório. Quando cheguei lá, senti que aquela forma de trabalho não tinha mais a ver comigo. Mas estava ainda com dúvidas e ponderei. Eu me vi fazendo planos do que eu poderia comprar, caso começasse a trabalhar mais. Comecei a sentir ansiedade. Voltei para casa, tomei um banho, respirei com consciência e profundamente. Compreendi que eu estava criando uma realidade muito limitada para mim. É muito sedutor se envolver na hipnose maluca do consumismo e da busca por uma satisfação fora de si mesmo. Não significa que eu não queira mais comprar as coisas que eu gosto. Não preciso me livrar da "sociedade consumista" saindo sem rumo com uma mochila nas costas para morar longe da "civilização".
Nada contra quem faz isso. Mas sinto que não preciso seguir os padrões e as formas de vida das pessoas. Nem das "consumistas" nem das "não consumistas". Eu posso criar a minha própria realidade de tantas formas, mais até do que eu posso imaginar. Então decidi que eu não iria voltar a trabalhar como dentista. E, enfim, dei um ponto final nesse dilema. Cancelei meu registro no Conselho de Odontologia e doei livros e materiais odontológicos que ainda mantinha. Começava a liberar minhas velhas bagagens. Não preciso viver mais à mercê de crenças, conceitos, tradições, modas, "anti-modas" ou de qualquer coisa que seja. Não preciso resgatar algo perdido. Não há nada a ser consertado. Não preciso passar por uma situação apenas pela dúvida sobre querer ou não querer fazer alguma coisa.
Simplesmente escolho respirar e ir além da dúvida, do medo, da ansiedade... Honro todas as minhas experiências que passei. Mas que alívio!!! Ahhhh.... Que bom poder me reconectar com quem realmente Sou!!!
(Aline Bitencourt)
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