Tenho percebido com mais consciência aspectos meus com muita dureza. Uma parte minha que é rígida, resistente à mudança, mal-humorada. Ao mesmo tempo, tenho sentido a expansão da minha consciência de maneira muito rápida.
Parece que estou vivendo um paradoxo dentro de mim. Mas começo a escolher sair da "dureza" e experienciar a vida de uma maneira mais leve. Frequentemente, vou a um barzinho perto da minha casa. Gosto de ver os barcos na Baía do Pontal enquanto tomo uma cerveja gelada. Isso seria uma experiência bem leve e prazerosa, se não fosse, frequentemente, a minha "mania" de querer analisar as coisas em vez de simplesmente curti-las. Tudo está disponível para mim. Mas eu ainda resisto, pondero, analiso...
Dialogo comigo mesma numa batalha de aspectos: "Sim, vou me permitir desfrutar a vida, relaxar um pouco e ser mais leve, mais flexível". Mas é aí onde está a questão!
Eu me convenço de uma maneira "teórica" e logo o “happy hour” acaba para dar espaço a uma rigidez inflexível. E a primeira coisa que me vem à cabeça é que tenho que voltar para casa para fazer algumas tarefas.
No fundo, o que eu tenho feito é tentar mudar algo em mim, achando que eu ainda preciso melhorar, preciso ser de uma forma que eu penso que seja a "melhor" maneira de ser. Por isso eu não relaxo. Eu estou mesmo é tentando "acabar", de uma maneira dura, com a dureza que eu sinto em mim.
Dessa forma, sempre me saboto, pois dou ouvidos aos aspectos que se apegam às velhas rotinas. Eu, como qualquer ser humano, tenho muitas crenças e padrões que carrego há anos, há vidas... São como bagagens que estão mais pesadas do que nunca! Comecei a me observar, respirando consciente e profundamente, além das análises, além da intenção de querer estar de uma determinada maneira. E senti compaixão por mim mesma. Por que preciso ser de alguma maneira? Eu simplesmente Sou e estou assim Agora!
Hoje, quando fui ao barzinho, depois de pouco tempo, comecei a ficar inflexível, com mau humor. Mas logo me observei, respirando comigo mesma, apenas percebendo a rigidez que eu expressava.
E foi interessante que também comecei a ter consciência das expressões do meu corpo: meu maxilar e ombros ficaram rígidos e meu rosto parecia estar mais enrugado. Mas não tentei mudar isso.
Foi um dia divertido, mesmo também com rigidez. A dureza é, muitas vezes, o reflexo das idealizações, dos julgamentos e exigências que impomos sobre nós mesmos. Sem tentar mudar algo em mim, pude sentir que Eu Sou Tudo o que Eu Sou. A vida pode ser levemente desfrutada, dependendo de qual ótica (da compaixão ou do julgamento) escolhemos nos observar e ver o mundo.
(Aline Bitencourt)
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