Aspectos “feridos” são como crianças que sofrem maus tratos em casa ou como adolescentes que se sentem excluídos da família e do mundo.
Não adianta tentar convencer um adolescente “problemático” de que você o ama se ele não sente a aceitação da sua parte. Seu primeiro impulso será partir de casa ou passar grande parte do tempo fora, tentando encontrar alguma razão de existir, sempre se culpando e culpando os outros desse sentimento de rejeição.
Na adolescência, quando sentíamos que não estávamos sendo compreendidos por nossos pais, nos deparávamos com a sensação incômoda de que algo em nós não estava certo. Havia algo a ser disciplinado, consertado ou refeito. E, junto desse turbilhão, havia a sensação de que não éramos amados pelos nossos “criadores”. Não éramos bem-vindos ao nosso próprio lar.
Da mesma forma acontece com os nossos Aspectos “feridos”. Enquanto houver julgamentos, eles não retornarão. Enquanto não houver aceitação, eles se tornarão o filho que abandonou o lar por se sentir rejeitado.
E quero ressaltar que isso não é sobre “certo” e “errado”, afinal tudo é apropriado. É sobre soberania, aceitação, criação...
Também não é sobre “deletar” o passado. Não é sobre apagar do seu “livro de memórias” essa ou aquela experiência.
É sobre "destilar" a experiência, transformando a dor em compreensão e aceitação.
Algumas pessoas que vivenciam a Respiração Consciente me perguntam por que a mente delas, principalmente nas primeiras experiências, começa a repetir pensamentos desordenados, sem nexo e até, às vezes, com sugestões destrutivas. E eu respondo que é perfeitamente normal que antes, durante ou depois das respirações, os aspectos utilizem a “voz” da mente para se expressarem.
Quando percebo que minha mente começa a "conversar" demais, a convido para participar da respiração, respirando calma e profundamente. O “aspecto” poderá continuar a “falar” dizendo como “sofreu” todo esse tempo, de como não é amado e outras coisas mais. Mas, naturalmente, a mente começa a “serenar”, à medida que o aspecto retorna.
A compreensão e a confiança vão brotando de forma atemporal e isso será sentido dentro do nosso íntimo, sem que nós nos preocupemos com o que o outro vai achar do nosso comportamento.
Honremos cada experiência. Nossa vida são nossas escolhas. Nossa felicidade é nosso presente. O agora é nossa única certeza.
(LH)
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