Eu me vejo aqui e agora. Sem perfeição. Mas o que é mesmo a perfeição? Para que ela serve? Respiro e sinto, dentro de mim, uma grande vontade de me expandir, de mudar. E isso, muitas vezes, já foi confundido com precisar fazer alguma coisa, “evoluir”.
Eu acreditava que tinha uma missão nesta vida, que precisava fazer trabalhos de caridade que, por “amor”, salva o mundo. Mas libero a minha concepção sobre perfeição, sobre caridade, sobre evolução...
Ah, mas eu quero me expandir! E isso significaria mudar? Mudar de cidade talvez... Já pensou que delícia poder fazer tudo de novo e ter tudo novo: casa, trabalho, relacionamentos, tudo novos! Cabelos novos, roupas novas talvez... Por que não? Já sinto o cheirinho de novo no ar!...
Ah, quantos potenciais à minha frente! E crio novas situações, “sugestiono” acontecimentos. Crio minha realidade para corroborar com esse meu “novo” que concebo e escolho.
Toc-toc-toc! Ops! Quem é? Quem é? Quem ééééééé, hein???? Algum intruso aparece em minha porta: é o meu "velho" aspecto que eu quis deixar do lado de fora. Mas ele volta também na minha nova porta, na minha cidade nova, no meu novo trabalho ou o que mais "novo" eu tentarei criar. E eu posso continuar negando, mantendo meu velho aspecto afastado: "Não, você não pode entrar! Não é bem-vindo aqui! Afinal de contas eu estava desistindo de você...".
"Você pode fazer o favor de vestir uma roupa nova para, pelo menos, disfarçar que não é velho? E que tal mudar também este visual antiquado de anos e vidas atrás? Vamos mudar de assunto? Ou melhor: por que você não vai embora para só voltar na próxima encarnação?". Assim fazendo, apenas disfarço o velho - minhas velhas questões, meus velhos padrões - com um visual "novo".
Ah não! O "velho" não vai embora apenas se disfarçando de "novo" ou apenas sendo mantido fora da nossa vida. Quanto mais eu nego e jogo meus problemas para debaixo do tapete ou coloco uma "maquiagem nova" no meu aspecto velho, menos a minha vida muda verdadeiramente, menos o Novo aparece.
Então eu paro e respiro, me permito estar comigo mesma. E o Novo vai se revelando a cada respiração. O velho aspecto agora começa a ser bem-vindo para entrar, tranquilamente, para se integrar... Não mais é mais negado e sim, acolhido. Suavemente...
Quantas vezes meus velhos aspectos foram a minha "melhor" companhia! Quantas vezes eles conduziram as minhas experiências! Quantas vezes eu já gargalhei, quantas vezes eu já chorei e lutei contra eles! Até tinha me acostumado com meus velhos aspectos, apesar de senti-los como um conforto desconfortável.
Agora, percebo: Eu Sou minha melhor companhia! Não estou aqui na vida à mercê de velhos aspectos, com seus medos, manias, crenças e bloqueios. Não sou um ser aspirante à perfeição, mas me renovo e me expando. Eu Sou meu próprio "Templo". Eu Sou o "Anfitrião.
Respiro e convido meus aspectos - "velhos" e "novos" - para virem ao meu encontro. E permito que o "Novo" se expresse em minha vida. Não mais apenas como velho disfarçado de novo.
(Aline Bitencourt)
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