Frustração. É o que eu tenho sentido ultimamente. De certa forma, esta sensação me fez prestar atenção em um aspecto (ou aspectos) meu que está fragmentado. Além de frustração, eu sinto, muitas vezes, ansiedade; aquela ansiedade típica de quem está querendo cumprir metas, aumentar de cargo no trabalho, ser reconhecido ou, simplesmente, “evoluir”.
Entrei nos jogos do ego, do poder, com uma capa de “espiritualizada”. Sim, muitas criações belas eu fiz. Mas não há como sentir a essência se eu estou mantendo esses jogos de "pequeno humano". Este aspecto está cansado de jogar, de lutar, de tentar. Ele quer se integrar, mas está ainda com medo. Muitas vezes, tenho vontade de acabar com esses jogos de forma radical. Mas assim seria repetir o que eu venho fazendo minha vida inteira, tomando decisões radicalmente, deixando tudo para trás. O "deixar para trás", na verdade, pode significar apenas enterrar os aspectos, negá-los, deixá-los mais afastados.
Mais dia menos dia, estes aspectos enterrados voltam, de forma até mais frustrante. Mas eu já sei que não preciso mais afastá-los, tentando acabar com tudo de vez. Eu posso me amar e me aceitar! E assim - somente assim - os aspectos que eu criei podem estar seguros para voltar, para se integrarem, para voltar para Casa. Muitos aspectos frustrados me perguntam: "mas, se eu me integrar, o que você vai fazer depois? Como você vai viver sem que eu atue da forma que estou fazendo agora em sua vida? Como você vai sobreviver? Você é capaz de fazer outra coisa, além de exercer a função que você exerce através de mim? Você confia em você mesma o suficiente?".
E, sentindo todos estes questionamentos, eu “recuo” (pelo menos aparentemente). Talvez ainda não confie em mim plenamente. Mas só o fato de eu estar aqui me abrindo, me permitindo compartilhar as minhas emoções, sinto que também estou mais aberta para me aceitar. Tenho sentido esses aspectos fragmentados, frustrados, mais do que nunca. Tenho liberado tantas ilusões, mais do que nunca também. Não escolho fazer dramas, mas, enquanto choro, vou liberando estes jogos... Mas ainda parece que não sei como liberar e apenas respiro. E, dentro de mim, sinto que só preciso mesmo é respirar... Por mais que meu aspecto tente continuar com os velhos jogos, envolvido nesta energia sedutora, ele está muito, mas muito cansado mesmo. E me culpa até: maldita hora que você escolheu fazer isso e aquilo! Maldita hora que você escolheu despertar!
Mas não é sobre isso, de fato. Há muito mais coisa acontecendo que eu não compreendo mentalmente. Por isso, apenas respiro e me permito me abrir... E liberar o que não se ajusta mais em minha vida. Respiro e me abro para criar uma nova vida para mim. (Aline Bitencourt)
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