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Uma História Inspiradora


uma mulher inspiradora

Maria Suzana Bahé e Silva (1908-1991) foi uma mulher à frente de seu tempo, cuja vida e ações desafiaram as normas sociais e culturais de sua época. Nascida em Limoeiro de Anadia, Alagoas, e criada em Feira Grande, ela cresceu em uma família que lhe proporcionou certa independência econômica e social, o que foi crucial para suas escolhas futuras.


Desde jovem, Maria Suzana demonstrou um espírito questionador e libertário. Ela desafiou convenções ao sair desacompanhada após o pôr do sol, um comportamento considerado inaceitável, na cidade, para as mulheres da época. Além disso, sua paixão pela leitura a levou a organizar um grupo de leitura, onde compartilhava "causos", contos e poesias com outras mulheres que não tiveram acesso à alfabetização. Essa iniciativa não apenas promoveu a cultura, mas também ajudou a despertar o empoderamento feminino em uma sociedade predominantemente patriarcal.


Seu casamento com Sebastião Vieira da Silva, um renomado ourives da região, resultou em 11 filhos. No entanto, mesmo com uma vida familiar aparentemente estável, Maria Suzana não se conformou com as limitações impostas às mulheres. Em 1960, ela tomou a corajosa decisão de pedir o desquite, um ato raro e controverso na época, especialmente em uma cidade pequena como Feira Grande. Esse passo foi ainda mais significativo considerando que, mesmo nas grandes cidades brasileiras, mulheres que se divorciavam ou se desquitavam enfrentavam estigma e exclusão social.


A resistência de seu marido, que chegou a pedir a intervenção do Frei Damião, um influente religioso, não a fez recuar. Sua resposta ao sacerdote foi emblemática: ela afirmou que o desquite não a tornaria menos católica, destacando a separação entre casamento e religião. Essa postura reflete não apenas sua firmeza de caráter, mas também uma visão progressista sobre a autonomia das mulheres em relação à vida conjugal e à fé.


Após o desquite, Maria Suzana continuou a viver de forma independente, viajando pelo Brasil e mantendo sua paixão pela leitura e pela cultura. Sua morte, em 8 de março de 1991, coincidiu com o Dia Internacional da Mulher, uma data simbólica que reforça seu legado como uma pioneira na luta pela liberdade e igualdade feminina.


Maria Suzana Bahé e Silva pode não ter se considerado uma feminista, mas suas ações abriram caminhos para as gerações seguintes de mulheres, mostrando que era possível desafiar as normas e viver de acordo com suas próprias escolhas. Sua história é um testemunho inspirador de coragem, independência e resistência em uma época em que tais atitudes eram raras e difíceis de serem aceitas.


(Por LH)


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