Nos últimos meses, tenho passado boa parte do tempo no jardim do meu pai na companhia dos beija-flores e dos pássaros amarelos (aqui na Bahia chamamos estes de “sebinho”). Estar no jardim é um presente maravilhoso para mim.
Todos os dias, antes de sair para o trabalho, eu preparo os bebedouros com néctar e deixo banana ou mamão para alguns pássaros que vêm pousar na jabuticabeira do jardim. Hoje à tarde, quando fui descansar, fechei a porta da sala onde fica o jardim. Quando acordei, tinha um beija-flor voando quase perto do teto. Logo abri a porta e a janela, mas parecia que ele não conseguia sair e voava cada vez mais alto. Depois de um tempo, pousou no lustre e lá ficou.
Na tentativa de ajudá-lo, eu deixei um bebedouro com néctar pendurado na porta da sala para que o beija-flor percebesse um caminho para se libertar. Mas ele permanecia parado. Talvez tivesse se machucado ao tentar sair da sala - pensei. Fiquei apreensiva. Sentei-me no sofá e fiz algumas respirações profundas e conscientes, sem tentar fazer mais nada. Não demorou muito e o beija-flor voou pela porta facilmente.
Através desta experiência com o beija-flor, tive mais compreensão de que amar é honrar as habilidades e as escolhas dos outros. Não é preciso interferir.
(Aline Bitencourt)
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