Esta não é uma mensagem romântica sobre as mães: Mãe é mãe: incontestável. A maioria das pessoas, sobretudo mulheres, crê que não há dádiva mais sublime que “Deus” pôde conceder a alguém do que o privilégio de ser mãe. É mulher realizada principalmente aquela que pari seu próprio filho, sangue do seu sangue. Ela gera vida. É fértil.
Apesar de tantas complicações e dificuldades que frequentemente acontecem no mundo atual durante o processo do nascimento, ainda assim, há a crença de que ter filhos é a coisa mais linda do mundo. Mas “não há paraíso sem sacrifícios” - muitos assim acreditam. Por isso, todo enjoo, dificuldade e concessões acabam fazendo parte do pacote de ser mãe. "Ah ter filho é bom... Dá trabalho, mas é bom" - eu já ouvi isso de várias mães... Mãe é "sagrada". Essa sacralidade que as pessoas e as religiões incutem sobre a mãe a transformam em quase uma "santa". E como é possível contestar uma santa? Ela permitiu que alguém morasse dentro dela durante nove meses. E, mesmo assim, quando seu filho diz que vai comprar-lhe um presente, ela responde: “Meu filho, eu não preciso de nada!”. Mãe é um ser temível no “misticismo”. Quem nunca ouviu falar em “praga de mãe”? Quase ninguém ousa, dessa forma, ir de encontro ao que uma mãe diz e aconselha! Mas mãe é simplesmente um aspecto do ser, assim como pai, irmão, tia, avô também são. É um membro familiar que faz parte do núcleo dessa sociedade chamada família. E, como em qualquer organização, a família, em algum momento, usa da hierarquia e dos seus "títulos" para controlar. “Não faça isso, pois eu sou sua mãe!” ou “faça aquilo outro porque eu sou sua mãe!”.
E, dessa forma, o amor familiar tende a ser substituído por culpa, obrigações, convenções, concessões. É difícil admitir que a nossa mãe, algumas ou muitas vezes, é uma “mala” e que costuma fazer chantagem emocional para nos convencer de fazer ou não fazer alguma coisa. É difícil assumir que, na verdade, a gente não está a fim de fazer o que a nossa mamãezinha quer e, muitas vezes, é difícil dizer não. Não importa se nossa mãe é santa ou bruxa. Quando nos permitimos ir além das convenções e das crenças, temos compaixão por tudo o que somos e por tudo que o outro é. Compaixão nos liberta da culpa.
Assim, não somos mais manipulados e nem fazemos concessões por causa de ninguém. Passamos a nos expressar com autenticidade, não apenas para agradar quem quer que seja. Não é a mãe que é incontestável. É o amor. Pois não necessita de nenhuma desculpa e de nenhum rótulo para amar. (Aline Bitencourt)
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