Nunca gostei da expressão “matar um leão por dia”, que se refere à luta diária que muitos humanos precisam desempenhar.
Mas eu percebi que, semelhante a matar um leão, eu estava com dois pratos giratórios, um em cada mão, numa tentativa constante de mantê-los em perfeito equilíbrio.
Não era à toa que sentia frequentemente dores nos ombros, no pescoço, mesmo fazendo alongamentos e alguns movimentos corporais. A tensão continuava.
Um dia, distraída e cansada, percebi claramente os dois pratos na minha mão: branquinhos, girando, girando, girando tão rápido, que quase não se podia vê-los. Mas algum movimento, respiração ou fadiga extrema fez com que eu visualizasse aqueles benditos pratos.
Para que eles estavam me servindo? - Me perguntei.
Para nada; já não há motivos para eles. Nem combinam no meu novo lar!
Mas como fazer para descansar minhas mãos? Os pratos provavelmente irão cair no chão, se quebrar, se espatifar, espalhando seus pedaços por todo o lado, até correndo o risco de me machucar pelo caminho.
Ou, então, antes de descansar minhas mãos, poderia encontrar algum suporte onde pudesse colocá-los ali, intactos. Mas como ou onde seria esse lugar seguro?
Não conseguia ver um caminho, só sentia que estava no final da linha. Meus braços já estavam fatigados.
Foi então que deixei tudo no ar, saí um pouco do foco dos braços e dos pratos... Fui além dessa realidade, que é apenas uma camada do que eu sou.
Fui levando menos a sério essa experiência...
Então tive uma ideia: os pratos não precisam cair no chão nem encontrarem um apoio.
E se eles simplesmente voassem? Sim, voassem! Por que não?!
A gente (eu!) costumo pensar em soluções tão lineares ou óbvias. Mas tudo pode acontecer e se esclarecer de inúmeras e inimagináveis formas.
Não posso dizer que os pratos ainda estão ou não aqui. Mas o fato de expandir a percepção da minha realidade me deu uma sensação de que está tudo bem em toda a criação.
Chega de lutar!!!
(Aline Bitencourt)
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