Hoje, quando cheguei do trabalho, encontrei Henrique dormindo. A casa estava muito arrumada, com um cheirinho de limpeza por todos os lados. Já podia vê-lo acordando e me contando em detalhes tudo o que fez e o que limpou. E eu diria a ele, brincando: “Você não faz mais do que a sua obrigação!”. Afinal, as tarefas domésticas não são apenas para as mulheres.
Lembrei-me de como eu o escolhi como parceiro. Não analisei suas "qualidades" nem seus "defeitos". Não levei em conta seu emprego nem sua família. Não me interessei em saber se ele tinha concepções espirituais semelhantes às minhas. Fui além do que minha mente poderia registrar e segui minha intuição. Pensar e se preocupar com alguns "detalhes" limita muito o relacionamento.
Eu e Henrique, por livre e espontânea escolha, temos muitas experiências juntos. Ficamos nove meses separados quando passamos por profundas mudanças individuais. E, então, sabemos viver sozinhos também.
Não nos completamos. Somos seres completos. Não juramos um ao outro amor eterno nem reforçamos algum tipo de contrato. Liberamos qualquer tipo de compromisso que possa soar como uma obrigação ou concessão e que comprometa nossa individualidade. Dessa maneira, sentimos que é um prazer partilhar um com o outro.
(Aline Bitencourt)
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