Convido você para sentir e compreender os papéis originais e atuais das energias masculina e feminina e ir além das ideias preconcebidas, que limitam e rotulam.
Hoje, Dia dos Pais, eu parei para perceber a representação do papel do pai nesta sociedade atual. A figura paterna geralmente é provedora, assume as responsabilidades e protege a todos. A mulher, a mãe, por sua vez, exerce um papel de nutridora, acolhedora e é um suporte para o homem desempenhar suas funções.
Dessa forma até parece que há um equilíbrio entre as energias masculina e feminina. Até muitos acrescentam que mesmo o aparelho reprodutor e sexual de um completa o outro (que ideia!...). Mas, por que, então, há um contínuo conflito entre homens e mulheres?
Primeiro de tudo, vale sempre lembrar que as energias masculina e feminina têm nada a ver com apenas homem e mulher. Estas duas energias estão presentes em cada ser humano, independente de sexo ou opção sexual. Portanto, aí está uma das interpretações errôneas sobre a questão dos sexos.
Fundamentado na história da energia sexual, quando a energia singular do Espírito se recriou e se expandiu, criou duas porções de si mesma: as energias masculina e feminina. A energia feminina, originalmente, proporciona o nascimento de novas energias e novos conceitos. É uma energia criativa, expressiva e vigorosa. A energia masculina, essencialmente, é de suporte de energia. Assim são os papéis primordiais em equilíbrio das energias feminina e masculina.
Num dado momento, quando o vírus das energias sexuais entrou em ação através do roubo e perda de energia, começou o desequilíbrio das energias masculina e feminina e, consequentemente, a mudança dos seus papéis. A energia feminina, do nascimento e da personificação da expressão do espírito, tomou enorme responsabilidade para poder lidar com as questões de roubo de energia que estavam acontecendo.
Assim, a energia feminina sentiu que seria necessário entregar a sua responsabilidade primordial para a energia masculina. Porém, a função primordial da energia masculina seria a de suporte. Mas, com o desequilíbrio das energias, foi necessário que a energia masculina também tomasse as responsabilidades e se tornasse vigorosa.
A energia masculina se tornou a "diretora" das energias. Assim, com o desenrolar do desequilíbrio das energias, já podemos contemplar onde tudo isso foi parar: poder, manipulação e supremacia da energia masculina em detrimento da feminina.
Os papéis se inverteram, se distorceram e essas energias não se expressam mais em equilíbrio no mundo de hoje. Na sociedade atual, a mulher, sendo rotulada como tendo predominantemente energia feminina, exerce o papel (ou tem que exercer o papel!) de acolhedora, nutridora, de suporte. O homem, tendo que ter uma energia masculina predominante, deve ser o provedor, o líder, o forte.
Nas campanhas do Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia da Mulher, Dia do Homem..., nas religiões, nas reuniões sociais entre colegas de trabalho, entre amigos e familiares são reforçadas as crenças de como ambos os sexos têm que se comportar para que sejam aceitos, admirados, "bem sucedidos".
É por isso que ainda há muita estranheza e muita intolerância quando homens e mulheres se expressam além desses padrões impostos. Quando o homem não toma iniciativa em relação a uma mulher ou frequentemente expressa sua sensibilidade, desconfia-se que ele seja "gay".
A mulher que é líder, que não tem uma imagem sexy ou feminina predominante é chamada de "sapatão". Muitos rótulos deturpados e limitantes cheios de preconceitos, que mantêm ainda mais a violência, a desonra e o desequilíbrio por parte de ambos os sexos.
Em vez de exigir um comportamento padrão ou "ético" do nosso pai, da nossa mãe, do nosso parceiro, das autoridades, do mundo, por que não começamos a ir além dos conceitos e das ideias sobre como devem ser os homens e as mulheres? Com certeza muitos conflitos acabarão.
Mas será que quem levanta bandeiras querem mesmo acabar com os conflitos entre gêneros e opções sexuais? Ou está reforçando ainda mais esses conflitos?
(Aline Bitencourt)