Estes tempos estão fazendo sacudir, tremer, trepidar, chacoalhar algo em mim. Olho em volta e percebo a ilusão. É ilusão por todos os lados. É tão palpável e tão viva que me confunde. Fico querendo correr dela e não pensar.
Mas reconheço que foi essa “ilusão” que eu criei - que todos nós criamos - que fez com que eu chegasse até aqui. Eu aprendi e me expandi com ela. Por isso, a ilusão não é para ser negada ou minorada. Tentar diminui-la não passará sempre de uma tentativa.
A coisa mais difícil que eu sinto, neste momento, é liberar a conexão com a minha própria história. Eu tenho tanta honra e admiração por ter chegado até aqui da forma como cheguei que está difícil liberar quem eu “fui” (ou quem ainda acho que “sou”). E é exatamente essa “não conexão” que é o “Não importa”, o “Tudo está bem em toda a Criação”, o “Ahmyo”...
Ao longo da minha história, aprendi que deveria estar conectado para compreender as coisas e as pessoas ao meu redor. Conectado a Deus, ao amor, à família, à natureza... Hoje sinto que essas conexões foram “Makyos” que eu estabeleci para continuar na “ilusão”. Eu honro a minha história!
Mas, ao mesmo tempo, sinto que amor não significa “conexão”. Minhas tentativas de permanecer conectado estão sendo, muitas vezes, desafiantes e, outras vezes, doloridas mesmo. Continuar conectado é resistir. O amor é livre. E o que é genuinamente livre existe por si mesmo; não está conectado a coisa alguma.
Nesses últimos dias, tenho gastado muita energia para me manter conectado a tudo que me fez chegar até aqui: convicções, certezas, paixões... Eu comecei a perceber que o que está difícil é liberar a minha história. Primeiro porque, apesar de admirá-la, não a aceito completamente. Por isso, não a integrei a tudo que Eu Sou.
Quando reclamo e penso porque algumas das minhas escolhas ainda não se realizaram, sinto que é exatamente porque ainda estou conectado ao que passei e ainda olhando a minha vida de um jeito limitado. E ainda faço escolhas conectadas com a situação do mundo, do país, dos negócios, dos meus relacionamentos...
Mas, no fundo, eu não quero mais dar seguimento à minha história. Porque sei que isso seria criar uma crônica repetitiva, cíclica e sem fim. E não quero continuar gastando energia para mantê-la.
Minha história representa o meu “cristal de Adamus”. E, quanto mais eu grito para sair dele, sei que ninguém pode me “salvar” dessa prisão. Eu é que tenho que me responsabilizar sozinho por isso. Não foi um erro ter entrado nele. Foi pela minha experiência de expansão. Mas eu posso escolher sair dessa hipnose a qualquer momento.
Estar dentro do cristal nada mais é do que seguir o que ditam as religiões, a política, a economia, a sociedade, a família... É acreditar no certo e no errado. Na guerra, na paz, na doença, na cura... É assim que a tal realidade acontece. E percebo que, ao usar as velhas ferramentas para sair dessa hipnose, só me afundo mais na dualidade. Mesmo que sinta uma sensação de alívio em algum momento, o incômodo volta depois com força total.
Ao perceber que posso sair dessa ilusão, um pensamento chega: “E se eu liberar a minha história, para onde isso me levará? Será que eu vou morrer, perder meu casamento, minha família...? O que farei sem meus valores, sem as coisas que eu construí e estruturei com esforço durante tanto tempo?”. Eu não sou quem eu penso que sou... Eu Sou!
E mesmo que meus sistemas de crença queiram se autoafirmar, tentando me manter na minha história, eu sei que eles não podem exercer nenhum poder sobre mim, a menos que eu permita. E eu não escolho mais continuar criando histórias sobre mim mesmo de maneira a permanecer controlado ou apegado a elas.
Não dá para sair só um pouco da história ou melhorá-la até um limite. Saio totalmente ou não saio. Como diria um Mestre: A liberdade é uma oferta de tudo ou nada! Não há como liberar só um pouco para se desconectar. É preciso deixar tudo. E não há como não sentir medo disso.
Mas a confiança, a coragem e a atitude são capazes de fazer ir além... Mesmo que eu deixe de existir como “existo” agora. Vou ao próximo nível... Ao próximo nível da minha própria Existência. Eu existo integrado a tudo. E não conectado a tudo.
(LH)
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