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É possível se encaixar no padrão de beleza?

O corpo é um lugar onde o inconsciente também se reflete.

É possível se encaixar no padrão de beleza?

Freud (O Ego e o Id - 1923) escreveu que “o ego é, primeiro e acima de tudo, um ego corporal”. Com isso, a imagem do nosso corpo exerce uma influência muito poderosa sobre nós. Por trás dessa influência e de seus significados, é fundamental investigarmos como o padrão de beleza interfere na forma como nos relacionamos conosco mesmos e com o mundo.

Desde os primeiros anos da infância até a adolescência, somos muito influenciados pelo padrão de beleza sem termos consciência disso. No processo de estruturação da subjetividade, questões podem surgir a partir das idealizações sobre o corpo, principalmente diante do que o nosso imaginário percebe no senso comum.

No entanto, em termos de beleza, padrão é algo mutável. A arte renascentista colocou em evidência mulheres de corpos fartos. Até hoje é inegável que as mulheres continuam sendo as mais cobradas. Mas, agora, para serem magras. Atualmente, é exaltado um ideal, não importa o gênero, mais próximo da inteligência artificial do que de corpos humanos reais.

Afinal, quantas pessoas que nós conhecemos se encaixam naturalmente no padrão vigente?

A coisa se torna ainda mais complexa, quando levamos em conta que a beleza é frequentemente ligada à juventude. Mas, como humanos, envelhecemos desde o dia em que nascemos e pode ser frustrante lutar contra isso. É uma batalha na qual não sairemos vencedores. Porque só não envelhecerá, quem morrer jovem.

Há os que têm como meta um corpo “enxuto”, sem tantas curvas. No entanto, essa meta pode fazê-los entrar em guerra com o próprio metabolismo, com suas trocas energéticas e questões hormonais. Será uma luta constante. Sem falar que cada indivíduo tem a sua formação genética.

Existe um segmento do mercado que influencia diretamente o padrão beleza. Nesse setor, beleza, saúde e bem-estar se tornam, aos olhos da sociedade, temas que se confundem. Mas eles não são sinônimos. Nem sempre a beleza é mantida de forma saudável. E as tentativas de se encaixar em um padrão podem trazer muito mal-estar ao indivíduo. Sem falar que, como em qualquer segmento do mercado, existe um interesse financeiro.

Há inúmeras intervenções estéticas que estão disponíveis, desde as mais simples até as cirurgias plásticas mais invasivas. Nelas há uma finalidade imediata, que pode ser entendida como uma forma de amenizar nossas inseguranças em relação a nossa aparência física. No entanto, a questão não reside em submeter-se ou não a tais procedimentos, mas ter consciência do porquê se submeter a eles.

O indivíduo pode se sentir pressionado a não aceitar o próprio corpo. Não pela questão estética em si, mas por um vazio que ele acredita que pode ser preenchido pelo excesso de atividades físicas, dietas, cirurgias plásticas ou sendo escravo da moda. Para incentivá-lo, existe a mídia e toda uma conjuntura social que reverencia um tipo irreal de beleza.

O corpo é um lugar onde o inconsciente também se reflete. Assim, quem se compreende e se aceita, se torna mais apto a lidar com as questões relativas à própria imagem.

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