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O que é Transferência na Psicanálise

A transferência tem papel fundamental nas relações humanas.

O que é Transferência na Psicanálise

A transferência é uma projeção do amor, ódio, indiferença, rivalidade, insegurança de experiências passadas às novas relações de um indivíduo. É como se sua bagagem afetiva fosse sintetizada e espelhada em novas figuras, estabelecendo um elo entre elementos do passado e suas questões presentes.

A transferência tem papel fundamental nas relações humanas. É um fenômeno presente no convívio social e em todos os níveis de relacionamento (amoroso, familiar, de trabalho etc). Está vinculada à formação da personalidade do indivíduo e a sua forma de estabelecer vínculos.

Na clínica psicanalítica, a transferência alcança uma dimensão imensurável, representando uma das facetas da relação entre o analista e o analisando. Através dela, o indivíduo pode reconhecer como ele se identifica com os outros. Ela demonstra como são naturalizadas carências, afetos, repetindo essas identificações no cotidiano dos relacionamentos ao longo da vida.

Em Estudos sobre a Histeria (1895), Freud se debruçou, pela primeira vez, sobre o tema como um fenômeno clínico. Segundo ele, sem a transferência não há cura. Como o primeiro vínculo da vida de alguém é com a mãe, para que ocorra a análise, deverá ser construída uma relação em que o analisando espelha figuras importantes para ele no analista.

Como é um fenômeno de cunho inconsciente, a transferência tem um potencial simbólico para que o analisando se reconheça dentro de seu próprio sistema de crenças. E, no curso da análise, possa identificar padrões de comportamento.

Por outro lado, a transferência impede, em algum nível, a associação livre, que é a comunicação do pensamento do analisando durante o processo clínico, essencial à clínica psicanalítica.

Nesse sentido, a transferência gera mecanismos de defesa que podem trazer dificuldades à análise. Por isso, o manejo da transferência, juntamente com a associação livre, contribui para que o analisando consiga ultrapassar as suas resistências e atingir seus objetivos terapêuticos.

Existem formas distintas de transferência, como a transferência positiva, a transferência negativa e a transferência erótica. Elas podem ocorrer no curso do processo psicanalítico e refletem amores e ódios em que o alvo é o analista.

O início do vínculo analítico é, tanto quanto possível, harmonioso. Nessa fase, o analista pode ser superestimado pelo analisando. Isso acaba provocando efeitos positivos na análise, porque os sintomas do analisando são suavizados, assim como suas resistências.

Quando as resistências do analisando perdem força, facilitando, assim, a livre associação, a transferência é chamada de positiva. Mesmo assim, há o risco de o analisando acabar valorizando muito a figura do analista, a ponto de se desviar de suas próprias questões.

Passada a fase inicial, a harmonia dará espaço aos confrontos, gerando entraves e dificultando a associação livre. Freud atribuiu esses efeitos à transferência negativa, que se vinculam ao bloqueio na comunicação de ideias, comprometendo a fluidez do processo associativo.

Uma terceira forma é a transferência erótica. Ela consiste no analisando sentir atração pelo analista, podendo isso ser positivo para a análise, desde que compreendida e manejada de forma adequada.

De acordo com a visão freudiana, essa atração ou paixão não é genuína, mas fruto do processo analítico. É mais comum na relação analítica do que se possa imaginar e pode se vincular com questões edípicas da infância do analisando.

A forma como o analista vai lidar com a transferência do analisando é denominada de manejo da transferência. No caso da transferência negativa, o analista deve estar atento para não ser reativo ao comportamento do analisando e não entrar no seu jogo de argumentos.

Da parte do analista, seus contra-argumentos também podem contribuir para gerar mais animosidade à relação. Ao invés de julgar o comportamento do analisando, o indicado é tomar a bagagem transferencial como um manancial importante para o trabalho terapêutico.

Mesmo não sendo o único fator preponderante, a transferência será um dos pilares do trabalho analítico. Portanto, a representatividade da posição do analista, a partir do início do trabalho, dará corpo aos desdobramentos do processo.

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